Deteção no Lousal

Após a sua construção e calibração nos laboratórios de detetores do LIP em Coimbra, o telescópio de muões CorePix foi transferido para a Mina do Lousal.

O CorePix foi instalado na Galeria Waldemar da Mina do Lousal em abril de 2022. Desde então tem estado a operar dentro de um paiol da galeria, a coletar dados muográficos.


Instalação do CorePix na Mina do Lousal

O CorePix foi transferido do laboratório de Coimbra para a Mina do Lousal em abril de 2022. Para ser movido ao longo da Galeria Waldemar até ao Paiol 4, o local onde iria permanecer, foi necessário desmontar algumas partes da sua estrutura. Concluída a deslocação, tem estado a operar desde então, de forma quase contínua, a registar a passagem dos muões e a gerar os dados muográficos que são usados nas análises.

A estrutura completa do CorePix tem uma altura de cerca de 1,60 m e possui 4 detetores de muões, sendo cada um deles um quadrado com um 1 m de lado. Os detetores funcionam usando um gás ionizante que chega com um fluxo baixo através de tubos trazidos de fora da mina, ligados a uma garrafa de gás colocada na casa do guarda junto à entrada desta, sem fugas para o meio ambiente.

Quando um muão atravessa o gás, são libertados eletrões que geram um sinal elétrico indicando a passagem do muão naquele instante. O registo dos muões que chegaram aos detetores e que atravessaram o terreno acima deles, vindos de todas as direções, forma uma mapa da área observada a que se dá o nome de muografia (algo semelhante a uma radiografia). Estas muografias são analisadas depois para retirar informação do interior do terreno estudado.

O paiol onde se encontra o telescópio era uma antiga sala de armazenamento para material explosivo, usado na exploração da mina. Hoje em dia os quatro paiós da galeria acolhem alguns objetos de museu inseridos nas visitas à mina, assim com alguns equipamentos de projetos externos, como é o caso do projeto de muografia do LouMu.

Deteção Muográfica

O objetivo da deteção muográfica no interior do paiol é fazer um reconhecimento geológico do terreno entre o telescópio e a superfície e melhorar as informações existentes com novos dados geológicos. Ao mesmo tempo, sendo esta a primeira aplicação de muografia do LouMu e em Portugal, está a servir para avaliar o desempenho do telescópio e dos seus detetores e também das ferramentas de análise muográfica.

Vista em corte da Galeria Waldemar, mostrando a localização do telescópio e o local onde está a ocorrer a deteção muográfica
Mapa digital da Galeria Waldemar e da superfície de terreno por cima da mina, com a indicação da área do estudo (quadrado branco)

As imagens acima mostram o enquadramento da área que está a ser estudada com o telescópio de muões, no terreno por cima da mina. São um modelo digital obtido com as técnicas de fotogrametria e lidar terrestre.

A área da deteção à superfície tem uma dimensão de 30 por 30 metros
Primeira muografia obtida do terreno mostrando a presença da falha geológica (amarelo)

A área do terreno onde se encontra o paiol com o telescópio, é atravessada por uma falha geológica regional chamada Falha de Corona. Esta é uma estrutura de grandes dimensões que se formou quando uma parte do terreno começou a mover-se numa direção diferente em relação à outra parte de terreno a que está encostada. A zona da falha tem uma densidade menor que as rochas ao lado e por isso consegue ser facilmente detetada com a muografia. A primeira muografia obtida no local, mostra as diferenças de densidade encontradas no terreno, com base na deteção dos muões que o atravessaram ao longo de 2 meses e que chegaram ao telescópio de muões. Assim, nesta primeira muografia a zona da falha aparece em cores próximas do amarelo, significando que mais muões atravessaram o terreno naquela zona, por ser menos densa que as zonas coloridas a azul.

Novas posições para o telescópio estão a ser experimentadas para observar a falha de ângulos diferentes e fazer uma observação mais completa.

– clica no botão e observa a deteção do telescópio em tempo real –